Dar a cara a tapa: a (trans)formação de gênero das travestis
Palavras-chave:
Travestis, Análise de Gênero, SexualidadeResumo
Introdução: Esta pesquisa investiga a forma como o corpo se torna elemento central como transições de gênero são performadas no território da prostituição na rua com travestis em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, a partir de uma perspectiva de uma Psicologia Social e na articulação com a Saúde Coletiva, em uma discussão como modos de experimentar o gênero e a sexualidade mediada por aspectos históricos e sociais que corroboram à manutenção de normas e valores que alicerçam as relações, os códigos simbólicos e culturais, produzindo sentidos e significados sobre o masculino e o feminino. Objetivo: O objetivo da pesquisa foi analisar as representações sociais sobre o processo de transformação de gênero elaborados pelas travestis em situação de prostituição. Para tanto, fundamenta-se na Teoria das Representações Sociais sistematizada por Serge Moscovici e Denise Jodelet, apoiando-se no conceito de gênero sob a perspectiva dos estudos feministas e queer. Compreende-se as travestis a partir dos estudos proposto pela Teoria Queer, de que tanto o gênero quanto o sexo são categorias que podem não ter correspondência direta, mas, em constante relação e desconstrução. O corpo é considerado componente central de constituição do gênero e da subjetividade dessas travestis. Método: O conjunto de dados que proporcionaram as reflexões sobre o objeto de investigação é oriundo de um trabalho mais amplo de pesquisa desenvolvido a partir de uma metodologia qualitativa, caracterizada pela utilização da observação participante e da realização de entrevistas individuais em profundidade com cinco travestis em contextos de prostituição em Campo Grande – MS em 2017. Os dados foram organizados baseado na Análise de Conteúdo (AC) de Laurence Bardin como instrumento metodológico, onde foram exploradas narrativas de vida sobre os processos de constituição da subjetividade, perpassando pelos jogos entre saúde, corpo e sexualidade, atravessados pelo estabelecimento de relações com a transição de gênero. Resultados: A análise expôs que as participantes da pesquisa representam (trans)formam o gênero, e por meio do corpo, e os meios que se utilizam para isso, se dá pela batalha, pelas aprendizagens e pela violência. Nesse sentido, representam a batalha como um local de produção de violência e exclusão, contudo, o ganho financeiro auxilia no processo de construção desse corpo; o que também pode ser identificado em aprendizagens dos diferentes espaços e instituições que reforçam estigmas e padrões normativos do que é ser feminino, mulher, travesti, normal e patológico; o que se revela a partir das práticas de violência e exclusão. Conclusão: Em conclusão a pesquisa, as narrativas de vida dessas travestis apresentam experiências de produção de corpos inteligíveis/não-inteligíveis, que nos permitam pensar negociações com os saberes produzidos em representações hegemônicas do que é ser feminino e masculino. Assim, a pesquisa permite refletir sobre como esses corpos são construídos dentro de certos regimes de transgressão e resistência as normas sociais.
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Copyright (c) 2021 Gabriel Luis Pereira Nolasco
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