Cuidado cultural na Atenção Primária: análise no contexto da hipertensão arterial sistêmica

Autores

  • Leticia Antonio Costa

Palavras-chave:

Cultura, Atenção Primária à Saúde, Enfermagem transcultural

Resumo

A percepção de que a doença não é apenas um estado biológico, mas algo também influenciado pela cultura é um desafio no processo saúde-doença, sobretudo em indivíduos diagnosticados com hipertensão arterial sistêmica. Os profissionais de saúde nem sempre estão preparados para atender, de forma a considerar relevante a cultura dos indivíduos e assim, o convívio com a doença e a adesão ao tratamento podem ser deficientes, levando a complicações e até mesmo à morte. Dessa forma, objetivou-se com este estudo identificar a abordagem dos aspectos culturais do cuidado a pessoas com hipertensão em documentos oficiais e protocolos da Atenção Primária à Saúde. Realizou-se um estudo exploratório, com abordagem qualitativa, do tipo documental com base em dados secundários. Os documentos investigados foram a Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, a Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017, os Cadernos de Atenção Básica: Hipertensão Arterial Sistêmica (2006 e 2013), a Resolução COFEN nº 311/2007 e a Resolução COFEN nº 564/2017, e foram elegidos por se aproximarem da temática do estudo. Os dados foram coletados de julho a setembro de 2018 com o uso de um instrumento próprio elaborado pelas pesquisadoras, categorizados por meio da abordagem da Análise de Conteúdo, de Bardin e interpretados à luz da Teoria Transcultural, de Madeleine M. Leininger. Emergiram duas categorias: I. O cuidado integral e equânime fortalecido pela inclusão dos valores culturais na prática, que explicita a relação da equidade para alcançar a oferta integral de cuidado, que ocorre quando o indivíduo é visto em suas condições reais de existência; e II. O indivíduo e a construção do autocuidado, que abordou justamente a importância do indivíduo na construção do autocuidado, levando em conta os seus hábitos cotidianos, enfatizando também que os indivíduos devem ter autonomia em seu processo saúde-doença, além de terem envolvimento nos processos dos sistemas de saúde. Observou-se que o elemento cultural está presente nos documentos e manifesta-se de diferentes formas, como por meio de um cuidado integral e equânime que possa atender as necessidades dos indivíduos. O fomento da discussão sobre a importância do cuidado à luz da Teoria Transcultural é imprescindível para uma assistência integral e de qualidade no cotidiano dos profissionais que experienciam as mais diversas e singulares condições de saúde das populações. Além disso, sugere-se aproveitar o que já existe nas políticas e utilizar mecanismos, como o processo de territorialização e o cadastro familiar, com ênfase na aproximação para melhorar a prática.

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Publicado

31.12.2020

Como Citar

ANTONIO COSTA, L. Cuidado cultural na Atenção Primária: análise no contexto da hipertensão arterial sistêmica. Revista de Saúde Pública de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil, v. 3, n. 1, p. 91, 2020. Disponível em: https://revista.saude.ms.gov.br/index.php/rspms/article/view/120. Acesso em: 20 abr. 2024.

Edição

Seção

Resumos de dissertação ou tese de doutorado