Determinantes da condição bucal e da necessidade de tratamento de gestantes acompanhadas em Unidades Básicas de Saúde de um município do Paraná
Palavras-chave:
Gestantes, Saúde Bucal, Serviços de Saúde BucalResumo
Introdução: Durante a gestação ocorrem alterações biológicas e comportamentais na vida da mulher, com possíveis reflexos na saúde bucal. Objetivo: Avaliar os determinantes da condição bucal e da necessidade de tratamento de gestantes usuárias do Sistema Único de Saúde em um município do Paraná. Materiais e Métodos: O estudo foi conduzido com 236 gestantes, recrutadas nas Unidades Básicas de Saúde da zona urbana de Ponta Grossa. Foram realizadas entrevistas utilizando questionário pré testado, e exame clínico para a obtenção de índices que avaliaram a presença de biofilme, condição periodontal e experiência de cárie.  As associações foram verificadas por análises bivariadas: teste qui-quadrado de Pearson e coeficiente de correlação de Spearman. (p<0,05). Resultados: 63,3% das gestantes se declararam brancas, com idade entre 21 e 35 anos (60,6%), renda familiar de até dois salários-mínimos 61,0%), não trabalhava fora (56,4%) e possuía nível de escolaridade de ensino médio incompleto ou mais (65,7%). Quanto à condição bucal, o número médio de dentes cariados, perdidos e restaurados foi de 6,5 ± 4,9, e 36,9% possuíam dentes cariados não tratados. Gestantes mais velhas, com menor renda familiar e não brancas apresentaram maiores prevalências de dentes cariados, perdidos e restaurados. A escolaridade, o número de filhos e o fato de a gestante trabalhar fora demonstrou associação com a condição bucal. Gestantes que realizaram tratamento odontológico durante a gravidez tiveram maior número de dentes restaurados. Conclusão: Gestantes mais velhas e com pior condição social apresentaram pior saúde bucal e maior necessidade de tratamento. O pré-natal odontológico pode amenizar tais desigualdades.
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